
Num banco de jardim
dois idosos sentados lado a lado.
Um deles de rosto mirrado demais
pela passagem do tempo segurava nas mãos tremulas
um jornal ainda por ler...o outro ligeiramente mais novo
olhava sem ver para as flores coloridas...uma jovem mãe de mão dada
com seu filho sorria confiante. O futuro no seu filho...
no jardim; o começo e o fim! O alfa e o omega...
quem se detem para olhar o fim?
a fealdade dos corpos envelhecidos como folhas de outono...
a inutilidade...sombras que dão trabalho!!!!
Olhares ausentes, tristes...carentes.
Quem se detem para ver e perceber e sentir...
mas existem almas perfumadas pelo dom do amor!
Uma jovem passante planeava mentalmente sua agenda...tantos prazos a cumprir...
uma pedra entrou no seu sapato. Sorriu e baixou-se para a retirar e no seu campo de visão
alcansou aqueles olhares apagados, desgastados!
Que coisa...súbitamente esqueceu os seus tantos afazeres e sentou-se no banco sorrindente
...falou do dia ...como estava lindo...a primavera chegou tão cedo!
Os olhares cansados e macilentos ganharam vestígios de vida...e sorriram e falaram.
Porque alguém os viu como gente...somente assim vindo de alguém que sente.
E a menina passeia?_
sim claro respondeu_ para tudo há tempo na vida!
Mais cinco minutos e partiu...e sorriu.
Aquele tempo faria falta para chegar à natação...e depois à redacção.
Mas...pensou...afinal o que é primordial?
há que rever valores, conceitos e ...viu sorrisos e um lampejo de vida naqueles olhares apagados, esquecidos...torturados!
Olhou de longe e acenou aos idosos que seguramente por minutos se sentiram gente!